A cara pode revelar muito mais do que aquilo que nós pensamos, até diria mais, pode revelar características pessoais que gostaríamos que não fossem partilhadas no nosso cv ou redes sociais.
Para poder avaliar o que transmitimos num retrato, é necessário saber interpretar as micro expressões, uma ciência precisa que já está ao alcance de muitas empresas de headhunters ou departamentos de recursos humanos.
Um estudo realizado em 2007 por Nicholas Rule e Nalini Ambady intitulado "The Face of Success: Inferences From Chief Executive Officers' Appearance Predict Company Profits.", disponível online, provou que a avaliação dos CEO's de várias empresas, com base na fotografia de perfil por um grupo restrito de pessoas, correlacionava diretamente a pontuação desta avaliação com a rentabilidade das empresas que geriam, atribuindo uma pontuação maior aos CEO's cujo empresas tinham um melhor desempenho. Há estudos semelhantes relacionados com política e educação.
Já identifiquei num post anterior as 5 regras de sucesso para um retrato no Linkedin, das quais a quarta descrevia a expressão de uma forma simples: sorrir. Procurei aqui uma ruptura com a ideia que o sorriso está associado a um comportamento menos profissional.
O certo é que a face revela muito mais que um estado de espírito, e a micro expressão partilha mais informação que a expressão, podendo ser um fator de decisão da leitura ou não do cv.
O psicólogo Paul Ekman definiu em 7 as emoções universais, nomeadamente: repugnância, raiva, medo, tristeza, felicidade, surpresa e desprezo.
A micro expressão é uma expressão facial involuntária, que transmite emoções que estamos a vivenciar naquele momento. Ao contrário das expressões, as micro expressões, duram entre 1/15 e 1/25 de segundo e dificilmente podem ser adulteradas.
Isto significa que não são controláveis, mas apesar de não serem passíveis de serem adulteradas, podem estimuladas durante a sessão fotográfica. Isto é, se vamos tirar a fotografia preocupados com um relatório ou com alguém próximo que tem problemas, mesmo com uma expressão sorridente, será inevitável obter micro expressões de desprezo pela sessão ou o estado de espírito de tristeza.
Exemplo de um sorriso genuíno e um falso.
Nestes casos temos duas opções: adiar a sessão, o que para mim não faz sentido, ou interagir com o retratado de forma a conseguir trazer um imaginário que nos permita obter essas micro expressões em detrimento dos pensamos que o preocupam.
A primeira imagem do post ja identifica as características de cada micro expressão, no entanto este tópico merece ser avaliado em detalhe:
Em conjunto com a felicidade, é das mais fáceis de identificar, já que toda a expressão se concentra entre a boca e o nariz. O nariz fica enrugado e o lábio superior fica elevado, deixando, muitas vezes, os dentes superiores a vista.
A micro expressão da raiva concentra-se maioritariamente na parte superior do rosto, baixando e juntando a sobrancelhas enquanto franzimos a testa. O maxilar fica em tensão e separamos ligeiramente os lábios, com a mordida tensa.
Caracteriza-se pelas sobrancelhas tensas e os olhos muito abertos, para observar melhor à nossa volta, já que o medo está associado ao perigo.
Apresenta sobrancelhas baixas que se juntam, subtilmente, no centro, o olhar é vago e a boca fica arqueada para baixo.
Provavelmente a micro expressão que melhor sabe detectar, demonstrada com os olhos brilhantes e com rugas em seus extremos exteriores e pálpebras inferiores. Quando a pessoa finge alegria, estas rugas não se formam. Também o sorriso característico, quanto mais felizes estamos, mais visível é a linha de dentes.
As sobrancelhas ficam levantadas e arqueadas, com olhos muito abertos, no entanto diferencia-se do medo na parte inferior do rosto, onde maxilar está relaxado e a boca aberta.
A parte superior do rosto pode adotar diferentes gestos, e o segredo para identificá-lo está na parte inferior do rosto; já que manifestamos uma expressão muito particular que consiste em elevar um lado da boca, formando um meio sorriso.